Cada detalhe vale muito na preparação para Jogos Olímpicos. Mais ainda quando está em disputa uma terceira medalha de ouro em três edições. É o caso da seleção feminina de voleibol do técnico José Roberto Guimarães, ouro em Pequim 2008 e Londres 2012. Com a tecnologia a seu favor, a comissão técnica desenvolve para o Rio 2016 um trabalho de análise de suor e urina que ajuda a determinar as doses de carboidrato e sais minerais que cada uma deve ingerir. E até o quanto de água cada uma deve beber.
O Grand Prix, que até domingo teve uma etapa no Rio de Janeiro, terminou com três vitórias brasileiras, diante de Itália, Japão e Sérvia. Ainda no domingo (12), a equipe viajou para mais uma etapa, em Macau, na China. O desgaste é tremendo, pela troca de fusos horários na sequência, desgaste físico com viagens e também mudança de alimentação. Na China, a diferença será de 12 horas em relação ao Brasil; na sequência, as meninas vão a Istambul, na Turquia, com 5 horas em relação ao Brasil; por fim Bangkok, na Tailândia, voltando às 12 horas de diferença.
Nessa maratona, quem trabalha duro é o preparador físico José Elias de Proença, na seleção desde 2003 e apoiado por nutricionistas e médicos. Para manter a equipe 100% com vistas aos Jogos Olímpicos, ele monta uma “equação metabólica” individualizada, para preservação muscular e garantia de energia às jogadoras. Como atletas de alta performance têm muita massa magra (menos gordura, mais músculos), precisam de suplementos para não queimar músculos, o que leva à fadiga e à perda de potência.
Gota a gota
Além das habituais análises de sangue, agora são feitas análises de suor e urina. De acordo com o que o organismo de cada uma perde durante treinos e jogos, determina-se uma dose precisa de carboidratos e sódio a serem repostos, por exemplo. Essas doses são distribuídas em potes individuais, para que as próprias jogadoras misturem, em garrafinhas personalizadas, a quantidade de água determinada a cada uma.
“A Dani Lins é uma que perdia muito, uns dois litros de água”, diz Zé Elias. “Tem aquelas que perdem até 2% do peso corporal. Para uma atleta de 70kg, ficar com um quilo e meio a menos é muita coisa.”
Assim, em mais esta volta ao mundo antes dos Jogos Olímpicos, aproveitando o Grand Prix como preparação na busca por mais uma medalha no Rio 2016, a seleção feminina segue com malas a mais. E cheias de potinhos.