Até quando o futebol profissional de Cuiabá vai definhar? Até onde nosso futebol profissional vai descer ou cair?
Começo este texto com estas duas perguntas aos torcedores e torcedoras da sociedade cuiabana. Aos 58 anos e acompanhando o futebol desde 1971, não há como não fazer comparações entre o futebol jogado nos anos 70, 80 e até o final dos anos 90, com essa porcaria que somos obrigados a aturar atualmente.
Na tarde do dia 28 de maio de 1972, no estádio Presidente Eurico Gaspar Dutra, Eu (Joacir) então com 13 anos, tive o prazer de assistir ao jogo em que o Vasco da Gama do Rio de Janeiro, entregou as faixas de campeão do ano de 1971, para o Dom Bosco. Ali, na geral, exprimido em meio a seis ou sete mil torcedores, via passar bem pertinho da lateral do gramado, carques como Miguel e Moisés, a dupla de zaga vascaína e da Seleção Brasileira e lá no gol, o goleiro Andrada do Vasco e da Seleção da Argentina. Tinham ainda jogadores do nível de Suingue e Edson no meio de campo e um ataque de respeito com Jorginho Carvoeiro, Silva, Pastoril (aquele mesmo, que foi ídolo no Mixto) e Roberto Dinamite, em começo de carreira e que nem era titular ainda. Vi Carlos (O filho de Leônidas) com seu 1,70 m, marcar gol de cabeça na badalada defesa carioca e melhor de tudo, o goleiro do Dom Bosco, Saldanha Marrecão (Minha inspiração, para ser goleiro também e torcer pelo Dom Bosco) em tarde de gala, fechando o gol do Azulão da Colina, apesar da derrota. Era maravilhoso estar nas gerais ou nas arquibancadas do Dutrinha assistindo a partidas épicas como as decisões de 1972 e 1973, no bi-campeonato do Operário, Chicote da Fronteira, Com Carlos Pedra, Gaguinho, Joel Diamantino, Cesar, Zé Polula, Bife, Cecílio e Odenir.
O futebol brasileiro até o final da década de 90, era tudo de bom. Mas aí apareceram Sebastião Lazzaroni, Claudio Coutinho e vários outros treinadores imitando o estilo de jogo e os esquemas táticos europeus e acabaram com o futebol nacional. Transformaram nosso principal esporte nessa vergonha que foi a derrota na final da Copa do Mundo de 2014, no Maracanã. Se chamam da tragédia, a derrota do Brasil para o Uruguai em 1950, que nome se dá para os 7 a 1 da Alemanha dois anos atrás?
Aí veio a Era Verdão. O estádio inaugurado em 1976 e demolido em 2012, sem necessidade alguma a não ser para uma quadrilha de canalhas, vagabundos, assaltarem os cofres públicos. O estádio podia ser perfeitamente reformado ou readequado como foi o Maracanã ou construído em outro lugar. Quem não se lembra do jogo entre Mixto e Operário-VG para decidir quem representaria Cuiabá no Campeonato Brasileiro de 1976. O Tricolor da Fronteira com Polaco e Miro na zaga, Humberto (ex-Ponte Preta), Nelson Lopes (ex-Coretiba) e Mosca (ex-Ponte Preta) no meio de campo e com um ataque formado por Pelezinho, Tadeu Macrini e Wilsinho (ex-Marília/SP) e o Mixto com Nelson e Jorge na zaga, Rômulo e Pastoril no meio de campo, Bife e Tuta que só jogou dez minutos e foi o herói do jogo vencido pelo alvi negro, no ataque. Do gol olímpico de Pelezinho contra o Vasco da Gama, pelo Campeonato Brasileiro também em 1976 ou do primeiro jogo de uma Seleção Brasileira em Cuiabá, num Verdão completamente lotado, com no mínimo oitenta mil torcedores, em que o Brasil venceu a Seleção da Suíça com um gol de Sócrates?
Houve ainda a época memorável em que os times do Mato-Grosso do Sul disputaram nosso campeonato estadual, nos anos de 1974, 1975, 1976, 1977 e 1978 em que o Comercial Esporte Clube venceu em 1975 e o Operário Futebol Clube venceu em todos os outros anos. Mas foi a partir dos anos 90 que começou a derrocada do futebol profissional de Cuiabá. Fundado em 1977, o Sinop venceu o campeonato de 1990 e aí começou a hegemonia do futebol do interior do estado. O Sinop Futebol Clube venceu os campeonatos de 1990, 1998 e 1999. O Sorriso Futebol Clube venceu em 1992 e 1993. Em 2000 e 2001, o Juventude Esporte Clube de Primavera do Leste, venceu os campeonatos da Segunda Divisão. Em 2005, foi o Vila Aurora quem comemorou o título estadual e em 2007, foi a vez do Cacerense Esporte Clube. Em 2010, o Luverdense Esporte Clube e em 2013 o União de Rondonópolis, quebrou o tabu da lavadeira e comemorou o último título do interior do Estado, já que o Cuiabá Esporte Clube venceu os três últimos campeonatos estaduais, mas este ano foi eliminado nas Semifinais e Sinop e Luverdense fazem a final e o título volta para o interior do Estado.
Agora, que o futebol profissional da capital está no fundo do poço a pelo menos vinte anos e que o ex-presidente da Federação Mato-grossense de Futebol, Carlos Orione, tem 90% de culpa disso, não há a menor duvida. A construção da Arena Pantanal foi um fiasco, a média de público dos últimos dez estaduais foi uma piada e o estadio Presidente Dutra está interditado para o futebol profissional a um ano e meio e sem previsão de data para ser usado novamente. O Centro Oficial de Treinamento/COT, da Barra do Pari/VG, que poderia ser a redenção do futebol profissional de Cuiabá e Várzea Grande, passados dois anos da realização da Copa do Mundo, ainda não está terminado e o dono da área doada para a sua construção entrou na justiça para retomada da área por desvio de finalidade. Pelo menos, ainda temos o futebol amador para alegrar nossos fins de semana. ALELUIA!!! DEUS, SALVE O FUTEBOL PROFISSIONAL DE CUIABÁ.