O impasse já foi criado na renovação de Luís Henrique, mas o Botafogo trabalha para aparar as arestas e encontrar soluções. Dias após Tanara Farinhas, mãe e representante do atacante, criticar a falta de planejamento do clube para aproveitar o jovem de 18 anos, a diretoria alvinegra buscou uma reaproximação e tem feito reuniões com a empresária nas últimas semanas. Em pauta nos encontros, uma força-tarefa para tentar reerguer o garoto e convencê-lo a renovar seu vínculo em General Severiano, que vai até maio de 2017 ? a partir de novembro, ele já estará livre para assinar um pré-contrato com outra equipe se assim preferir.

A força-tarefa inclui: trabalhar a parte motivacional do jogador, que naturalmente perdeu confiança ao ir para o fim da fila de atacantes no clube, e também a parte física através de atividades para ganhar ritmo ? como por exemplo o jogo-treino contra o Nova Iguaçu em que ele marcou o segundo gol da vitória por 2 a 0 dos reservas (veja no vídeo abaixo). Para ajudá-lo, há a presença na comissão técnica de Felipe Conceição, o Tigrão, treinador com quem já brilhou pelo sub-17 do Botafogo ao ser o principal jogador do torneio com 14 gols em 10 jogos.
Ainda há, porém, um receio no ar: depois de o jovem pouco ter sido usado no fim da passagem de Ricardo Gomes pelo clube, o panorama se manteve nos primeiros jogos com Jair Ventura. No jogo-treino da última quinta-feira, começou no banco do time reserva. Por ter dirigido o sub-20, o atual técnico já conhecia vários jogadores que trabalharam com ele na base, como por exemplo Sassá e Vinícius Tanque, dois concorrentes de posição. E não é o caso de Luís Henrique, que, por ter pulado do sub-17 para o profissional direto, não teve essa oportunidade.
No treino dos titulares da última quinta-feira, em General Severiano, o presidente Carlos Eduardo Pereira acompanhou a parte final da atividade e depois bateu um longo papo reservado com Jair de 20 minutos no gramado. O conteúdo da conversa é um mistério, mas é fato que a situação de Luís Henrique é uma preocupação interna constante entre diretoria e comissão técnica. A partir do ano que vem, mais um atacante badalado do sub-20 vai subir ? Renan Gorne, próximo a estourar a idade. E a volta do garoto de 18 anos para as categorias de base é algo descartado.
Após a ascensão meteórica no ano passado, os números atuais comprovam que ver Luís Henrique em ação é cena cada vez mais rara. Em 20 rodadas do Campeonato Brasileiro, o atacante foi relacionado para 11 jogos e participou de apenas quatro partidas (Sport, Figueirense, Santa Cruz e Chapecoense). Em nenhuma delas começou como titular, e em 130 minutos em campo ainda não marcou gol na competição. Na temporada, soma três gols em 22 partidas.

Se não conseguir seduzi-los, o Botafogo correrá o risco de
perder o seu maior ativo de graça. No ano passado, logo após ser
integrado ao elenco profissional, Luís
Henrique teve o contrato renovado, recebeu aumento salarial e sua multa
rescisória passou a valer R$ 60 milhões. Ribamar, venda mais cara da
atual gestão até o momento, tinha multa de R$ 24 milhões e saiu por aproximadamente R$
9 milhões para o TSV Munique 1860, da Segunda Divisão da Alemanha.
Com convocações para as seleções de base, Luís Henrique desperta interesse de clubes do exterior, incluindo do futebol europeu. Há dois meses, por exemplo, Tanara esteve na Itália reunida com representantes da Roma. O Botafogo, por sua vez, argumenta que as dificuldades seriam ainda maiores em outro país e que o melhor caminho é tentar se reerguer em General Severiano. O clube tem 90% dos direitos econômicos da joia segundo último balanço divulgado no seu portal de transparência alvinegro.