Autor acusa direção da Globo de racismo: “Faz dela a preta burra”

810

 

João Ximenes Braga trabalhou em diversas novelas da emissora, como Babilônia e Lado a Lado

Paulo Moura – 03/11/2021 11h44 | atualizado em 03/11/2021 12h10

Ex-autor de novelas da Globo, João Ximenes Braga acusou a diretoria da emissora carioca de ter feito intervenções racistas em seus roteiros enquanto trabalhava na empresa.

Em um desabafo publicado no Facebook no último sábado (30), João lembrou alguns episódios ocorridos nos bastidores e citou um diálogo em que um dos chefes teria pedido a ele: “Faz dela a preta burra”.

Leia também1 Yahoo e Fortnite deixam a China devido à pressão e censura
2 Perfil com nome de Sergio Moro posta pornografia no Telegram
3 Thammy Miranda se batiza em igreja liderada por Lanna Holder
4 Derrota! Aliados de Doria são excluídos das prévias do PSDB
5 “Lula ladrão”: Restaurantes têm nomes alterados no iFood

– O cara virou o todo poderoso de p***a nenhuma. É sério. Foram essas as palavras que ouvi: “Faz dela a preta burra”. Isso era a orientação da diretoria da empresa. “Faz dela a preta burra”. Isso era uma ordem. Eu me recusei a cumprir. Aí minha carreira acabou – disse João.

Desabafo de ex-autor da Globo sobre racismo na emissora Foto: Reprodução/Facebook João Ximenes Braga

Ximenes Braga, que trabalhou como coautor em diversas telenovelas da casa, teve como sua última obra na emissora a novela Babilônia, exibida em 2015, que escreveu ao lado de Ricardo Linhares e de Gilberto Braga, que morreu na última quarta-feira (27).

Nos comentários da publicação, o ex-Globo relembrou ainda outras coisas que teria ouvido nos bastidores, como “só gay se interessa por história de gay”, “não pode contratar o ‘pretinho’ pra depois desistir do personagem” e “ninguém se importa de não ter preto na novela, as pessoas querem ver a Giovanna Antonelli”.

O autor também desabafou sobre a morte de Gilberto Braga e falou sobre a tentativa do veterano de emplacar uma nova produção na Globo após o fracasso de Babilônia. Ximenes pediu que a emissora disponibilize os capítulos de um folhetim que o novelista havia entregado antes de morrer.

– Passaram-se seis anos e sinto a urgência de pôr os pingos nos is: o fracasso artístico e de audiência de Babilônia não pode ser atribuído a Gilberto e sim à intervenção mal intencionada que destruiu completamente a espinha dorsal da novela – disparou ele.

Comentários Facebook